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Apartir de Cosí è (se vi pare) de Luigi Pirandello
Officine Papage e Teatro da Garagem
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Apartir de Cosí è (se vi pare) de Luigi Pirandello
Officine Papage e Teatro da Garagem
Num momento histórico dominado pela simplificação, pela presunção de saber e poder conhecer tudo, pela saturação da informação e pela instantaneidade da comunicação — que torna ficticiamente acessível qualquer lugar, qualquer tempo, qualquer coisa — o célebre texto de Pirandello (Cosi é (se vi pare)) que inspira esta obra revela-nos ainda a sua grande atualidade, descrevendo ao público, com uma lucidez cortante, este nosso presente caótico, arrogante e perigoso.
Vivemos num tempo em que a verdade deixou de ser um território partilhado para se tornar uma matéria instável, continuamente deformada. Estamos imersos numa paisagem feita de notícias falsas, identidades fragmentadas em perfis e avatares, narrativas paralelas que se contradizem e se sobrepõem. Todos os dias nos confrontamos com múltiplas versões do que acontece, sem que possamos determinar qual delas é a “verdadeira”.
Neste cenário, Cosi é (se vi pare) não surge como um texto do passado, mas como a radiografia exata do presente. Pirandello constrói um mecanismo perfeito para demonstrar que nenhum testemunho é fiável, que os documentos não bastam, que toda a verdade é um ponto de vista.
O nosso trabalho nasce de uma pergunta mais íntima e mais urgente:
como podemos sustentar aquilo que não se deixa conhecer por completo?
É uma pergunta que diz respeito à verdade, mas também — e talvez sobretudo — à nossa capacidade de aceitar a complexidade do real sem a reduzir, sem a simplificar, sem a violentar na tentativa de a fixar.
É a pergunta que atravessa a cidade, as personagens do drama, a impossibilidade de serem lidas de forma inequívoca, e o nosso olhar contemporâneo, que oscila continuamente entre a necessidade de compreender e o medo de não o conseguir.
Ficha técnica:
Apartir de: Così è (se vi pare) de Luigi Pirandello
Direção e Encenação: Marco Pasquinucci e Carlos J. Pessoa
Dramaturgia: Marco Pasquinucci, Dario Furini, Emanuele Niego, Benedetta Tartaglia
Elenco: Benedetta Berti, Dario Furini, Tiago Martins Ghilli, Emanuele Niego, Marco Pasquinucci, Benedetta Tartaglia
Desenho de luz: Diego Ribechini
Cenografia e figurinos: Valentina Albino e Alice Piscitelli
Observadora crítica do Processo: Laura Bevione
Acolhimento Teatro da Garagem.
Apoios Câmara Municipal de Lisboa, EGEAC, Junta de Freguesia de Santa Maria Maior
Financiamento Direção-Geral das Artes, Governo de Portugal | Ministério da Cultura
Mais informações:
218 854 190 | 924 213 570
producao@teatrodagaragem.com